?CELOBAR?
Química

?CELOBAR?


                                                                    Bolsista: Glaucia Lima de Oliveira    

O celobar é um medicamento utilizado como contraste radiológico, substâncias com a função de absorver os raios X. Com sua ingestão os órgãos internos de todo trato gastrointestinal tornam-se brancos no filme do raio x, revelando a imagem da estrutura do órgão (figura 1) (JEOSADAQUE, et al 2006).
                                                                        Figura 1. Radiologia do intestino
http://radiologia.blog.br/images/exame-contrastados-1.png

Fonte: http://radiologia.blog.br/eventos/tag/b%C3%A1sico?limit=10&start=10
O uso de sais de bário, principal componente do celobar, como contraste radiológico foi descoberto em 1910 por Bache e Guinther (ARTUNK, 2010).
O íon bário é tóxico ao organismo humano, um possível envenenamento com este metal pode causar salivação excessiva, tremores, convulsões, hipertensão, hemorragias internas, paralisia dos braços e das pernas e poder causar ritmo cardíaco acelerado devido a ser um estimulante muscular extremante tóxico para o coração. Nos contrastes radiológicos é utilizado o sal de sulfato de bário que possui propriedades químicas que possibilita a presença deste composto no corpo humano sem causar nenhum dano. A figura 2 mostra o sal de sulfato de bário.

Figura 2. Sal de sulfato de bário

Este medicamento é preparado por solução aquosa de sulfato de bário na concentração de 1 g/mL. Para um adulto a dosagem deste medicamento é de 30 mL, considerando a solubilidade deste composto, esta dosagem não causará dano nenhum, pois a dose letal em relação ao bário é de 2 a 3 mg por quilo de tecido.

Em 2003 aconteceu um incidente com este remédio. O celobar foi fabricado pelo laboratório ENILA em condições impróprias para o consumo humano, onde foi encontrado sais de carbonato de bário, substância tóxica que causou a morte de 30 pessoas no estado de Goiás. A Agência de Vigilância Sanitária embargou 4 mil frascos deste contraste e fechou a fábrica responsável.

Mas o que aconteceu na composição química deste medicamento que trouxeram estes danos?

A empresa responsável pela fabricação comprava o sulfato de bário pronto e depois só preparava a suspensão oral para ser vendida, devido à falta do sulfato de bário no laboratório farmacêutico como matéria-prima, surge a ideia de sintetizar este sal através do carbonato de potássio. A reação foi feita através da adição de ácido sulfúrico sobre o carbonato mas não obteve o resultado esperado, tendo por dedução uma reação incompleta.

No produto final analisado foi encontrado a presença de carbonato de bário, que ao ser consumido como contraste radiológico causou o envenenamento destas pessoas e, ao entrar em contato com o ácido clorídrico no estomago, o carbonato de bário sofre dissolução liberando os íons bário, que são absorvidos pelo corpo.


Parte química da história
 
Os sais de sulfato de bário e carbonato de bário são pouco solúveis em água, mas então o porquê desta contaminação com o carbonato de bário?

O carbonato de bário sobre solubilização ao entrar em contato com o ácido clorídrico, substância que por sua vez faz parte da constituição do suco gástrico no estômago, ocorrendo o que mostra a reação a seguir:

BaCO3 ( S) + 2 HCl(aq)          Ba2+(aq) + 2 Cl-(aq) + CO2 (g) + H2O (l)

Como pode ser observado na reação, houve a liberação de íons bário, estes íons entram em contato com as membranas do trato digestivo, indo para a corrente sanguínea atingindo todo o corpo e causado o envenenamento. O mesmo não acontece com o sulfato de bário, pois este sal é pouco solúvel em meios ácidos.

Dentro da situação trágica mostrada sobre o medicamento celobar, podemos refletir o quanto é fundamental conhecimentos químicos básicos em nosso cotidiano.

 
Referências

ARTUNK, M, D. A Utilização de Meios de Contraste na Radiologia. CENAP- Centro de Educação Profissional. Cascavel-PR, 2010.

JEOSADAQUE, J.S; CASTLHO, L.N.P; DINELLI, L.R; KILL, K.B. Equilíbrio Químico de Sais Pouco Solúvel e o Caso Celobar. Química Nova na Escola. N.26, Novembro, 2006.

PERUZZO, F. CANTO, E. Química na Abordagem do Cotidiano. Vol.2 . São Paulo: Moderna, 2012.

 

 









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